Empresas que realmente lideram não esperam pelo movimento do mercado. Elas antecipam.
E, segundo Robson Gimenes Pontes, esse faro estratégico quase nunca vem de feeling — mas sim da forma como os dados internos são analisados, organizados e interpretados tecnicamente.
“Quem acompanha o comportamento do próprio negócio com disciplina já está vendo o que o mercado só vai enxergar daqui a seis meses”, afirma o especialista em estruturação financeira e inteligência corporativa.
Robson defende que times financeiros com estrutura, modelo de acompanhamento e cultura analítica conseguem detectar tendências reais antes de qualquer consultoria ou benchmarking externo.
E isso se dá por meio daquilo que ele chama de “micro alertas internos”.
“São pequenos movimentos que, sozinhos, parecem irrelevantes. Mas quando vistos em conjunto, mostram que o cenário está mudando”, explica. Entre eles:
- A leve mudança no ciclo médio de pagamento de clientes;
- A oscilação nos custos logísticos sem aparente justificativa;
- O aumento no ticket médio de um nicho específico antes dos outros;
- A alteração na frequência de compra em determinados canais;
- A queda progressiva na taxa de conversão mesmo com investimento constante.
Segundo Robson, esses sinais, quando analisados de forma isolada, costumam ser tratados como exceções. Mas com visão integrada — e acompanhamento técnico — revelam padrões.
“É aí que entra o setor técnico bem preparado: para conectar esses pontos, interpretar os dados e provocar a liderança com cenários possíveis, não apenas históricos.”
Ele destaca que as empresas que tratam o financeiro apenas como registrador de números estão perdendo uma fonte valiosa de antecipação estratégica.
“O time financeiro, quando maduro, é um radar. E radar bom não mostra só onde você está — mostra o que está vindo pela frente.”
Robson recomenda que o setor financeiro atue com:
- Painéis de controle atualizados e relevantes para o negócio, não apenas genéricos;
- Espaço no comitê estratégico para apresentar insights, não só fechamentos;
- Modelagem de comportamento com base em dados históricos e simulações realistas;
- Interação direta com o comercial, operações e produto — para capturar sinais cruzados.
“Inteligência de mercado não é algo que você compra fora. Ela já existe dentro da empresa. O desafio é organizar e ouvir o que os dados estão dizendo — mesmo que ainda não estejam gritando.”
Autor : Richard Ghanem