Conforme Francisco Gonçalves Peres, países tropicais estão na linha de frente da crise climática, não apenas por sua localização geográfica, mas também pelas características econômicas e sociais que os tornam particularmente vulneráveis. Enquanto países em latitudes mais altas podem até experimentar alguns benefícios temporários do aquecimento global — como estações agrícolas mais longas — as nações tropicais enfrentam prejuízos quase exclusivamente negativos.
A elevação das temperaturas prejudica a produtividade agrícola, aumenta a frequência de desastres naturais e desorganiza cadeias produtivas locais. Isso ocorre em contextos de menor resiliência institucional e infraestrutura precária, dificultando ainda mais a adaptação. Portanto, para esses países, os impactos não são apenas ambientais, mas profundamente econômicos. Saiba mais, a seguir!
Qual é o impacto da crise climática na agricultura tropical?
A agricultura é um dos setores mais sensíveis às variações climáticas, e nos países tropicais ela representa uma fração significativa do PIB e do emprego. A elevação das temperaturas médias, combinada com alterações no regime de chuvas, tem provocado colheitas cada vez mais imprevisíveis. Culturas como café, cacau, arroz e milho — muitas vezes centrais para as exportações — estão sob ameaça.
Além disso, Francisco Gonçalves Perez explica que a proliferação de pragas e doenças relacionadas ao clima intensifica as perdas. A escassez de recursos para irrigação e a limitada adoção de tecnologias adaptativas agravam a situação. O resultado é um aumento da insegurança alimentar, queda na renda rural e necessidade de maiores subsídios governamentais para evitar o colapso de setores inteiros.
Os eventos climáticos extremos têm custos econômicos mensuráveis?
Sim — e eles são altos. Furacões, enchentes, secas e deslizamentos de terra têm se tornado mais frequentes e intensos nos trópicos, destruindo infraestrutura, interrompendo serviços e desalojando comunidades inteiras. Cada evento extremo representa uma perda imediata de capital físico e humano, além de causar impactos duradouros no comércio, na produtividade e nos investimentos.

Por exemplo, de acordo com Francisco Gonçalves Peres, estudos indicam que um ciclone severo pode reduzir o PIB de um pequeno país insular em até 20% no ano seguinte. Ademais, os custos de reconstrução e os impactos sobre o turismo — muitas vezes uma fonte primária de renda — tornam o ciclo de recuperação lento e oneroso. Isso desestimula investidores e afeta a estabilidade fiscal.
De que forma os impactos climáticos afetam a infraestrutura e os investimentos?
A infraestrutura nos países tropicais já enfrenta desafios relacionados ao subfinanciamento e à manutenção precária, segundo Francisco Gonçalves Perez. Com a intensificação dos eventos climáticos extremos, estradas, pontes, portos e redes elétricas sofrem danos recorrentes. Isso compromete a conectividade, o escoamento de produtos e a segurança energética, impactando negativamente a produtividade e o ambiente de negócios.
Investidores estrangeiros tornam-se mais cautelosos diante de riscos elevados, especialmente quando a percepção é de que o país tem baixa capacidade de adaptação. Além disso, os governos são forçados a redirecionar recursos para a resposta a desastres, postergando investimentos essenciais em educação, inovação e infraestrutura resiliente.
Por fim, Francisco Gonçalves Peres frisa que é essencial que países tropicais fortaleçam suas instituições, priorizem políticas públicas baseadas em dados científicos e busquem parcerias estratégicas com o setor privado e a comunidade internacional. Em última análise, enfrentar o custo econômico das mudanças climáticas nos trópicos não é apenas uma questão ambiental — é uma urgência de justiça e de sobrevivência econômica.
Autor: Richard Ghanem