A adoção da lógica circular na criação de cavalos crioulos representa um passo importante rumo à sustentabilidade nas atividades equestres. Logo no início das discussões sobre economia circular no setor rural, o empresário Aldo Vendramin ressalta que a gestão inteligente de recursos é fundamental para garantir não só a preservação ambiental, mas também a longevidade dos sistemas produtivos ligados à equinocultura. A criação de cavalos crioulos, tradicional e valorizada no sul do Brasil, pode se beneficiar amplamente dessa abordagem.
A lógica circular propõe o reaproveitamento de insumos, a redução de desperdícios e a reintegração de resíduos ao ciclo produtivo. No contexto da criação de cavalos, isso inclui desde a reutilização de água até o uso de dejetos como adubo orgânico em pastagens e hortas, promovendo um sistema mais integrado e menos dependente de insumos externos.
Lógica circular na criação de cavalos crioulos: uso eficiente de recursos no dia a dia
Implementar a lógica circular na criação de cavalos crioulos começa com pequenas práticas no manejo diário. A água utilizada para lavagem dos animais, por exemplo, pode ser captada, tratada e reutilizada em atividades de irrigação. Já os resíduos orgânicos das baias e currais, como esterco e sobras de alimentação, podem ser transformados em compostagem, reduzindo o descarte e melhorando a fertilidade do solo.

De acordo com Aldo Vendramin, propriedades que adotam essas práticas não só reduzem seus custos operacionais, como também criam um ambiente mais saudável para os animais. O controle ambiental melhora o bem-estar dos cavalos, reduz a incidência de doenças e reforça a imagem sustentável da criação junto a clientes e parceiros comerciais.
Alimentação, energia e manejo sustentável
Outro aspecto relevante da lógica circular envolve a alimentação. Priorizar pastagens manejadas com base na adubação orgânica, proveniente dos próprios resíduos da criação, fecha um ciclo produtivo eficiente. A produção local de forragem também reduz a dependência de rações comerciais, diminuindo o impacto ambiental do transporte e da produção industrial de alimentos.
No campo da energia, muitas propriedades criadoras de cavalos crioulos têm investido em fontes renováveis, como painéis solares e biodigestores. Essas tecnologias são perfeitamente compatíveis com a lógica circular, pois reaproveitam resíduos e promovem autossuficiência energética. Conforme frisa Aldo Vendramin, integrar sistemas de geração de energia ao cotidiano da fazenda não é apenas um diferencial competitivo, mas uma necessidade diante das exigências de sustentabilidade do mercado atual.
Valorização da rastreabilidade e transparência na cadeia produtiva
A aplicação da lógica circular fortalece também a rastreabilidade na criação de cavalos crioulos. Cada ação sustentável, cada escolha de insumo ou prática de manejo pode ser documentada, criando um histórico ambiental do animal. Isso agrega valor ao produto final, seja ele um cavalo para competição, trabalho ou reprodução, e atrai compradores conscientes e exigentes.
Segundo Aldo Vendramin, essa rastreabilidade se torna um diferencial nas feiras, leilões e eventos ligados ao mundo equestre. Criadores comprometidos com práticas circulares tendem a conquistar maior reconhecimento e visibilidade, além de contribuir para a construção de um setor mais ético e alinhado com os princípios da agroecologia.
O futuro da criação e os novos paradigmas da sustentabilidade
A criação de cavalos crioulos, marcada por tradição e excelência genética, entra em uma nova fase ao incorporar a lógica circular em seu modelo produtivo. Trata-se de aliar saberes antigos com tecnologias e práticas contemporâneas, promovendo uma produção mais responsável, equilibrada e resiliente.
A longo prazo, o sucesso da lógica circular na equinocultura dependerá da disseminação de conhecimento, do acesso a tecnologias adaptadas e do incentivo a políticas públicas que reconheçam e premiem as boas práticas. Com consciência ambiental e visão estratégica, criadores podem transformar seus haras em referências de inovação e sustentabilidade no campo brasileiro.
Autor: Richard Ghanem